segunda-feira, janeiro 29, 2007

Quinta de Contos| 1 de Fevereiro| 22h | Ateneu de Coimbra- Sé Velha


Outra Quinta de Contos!

Prometi à Lena que escrevia qualquer coisa sobre o convidado, mas ela escreveu lindo, bonito mesmo! E então deu-me uma preguiiiçaa...


"Desta vez vamos ter o Lalaxu como convidado. E de certeza que ele nos embalará em crioulo. E de certeza que ele nos transportará para o calor de outros dias e outras sábias culturas. Dia 1 de Fevereiro, às 22h00 no Ateneu de Coimbra, a Camaleão realiza mais uma QUINTA DE CONTOS."


Escreves finuras Leninha! Até já estou com saudades de ouvir a história do rapaz que arranjou uns sapatos para ir dançar...

Da outra vez comeu-se a broa divinal do Zé Craveiro. Agora alguém prepare farnel, faxabore!

Até lá!

-É para agora ou quer que embrulhe?


Sobrevivi à noite eighties onde nostálgicos imitavam robots na pista, aspirantes a músicos acompanhavam solos de órgãos eléctricos com uma guitarra invisível nas mãos; raparigas revivalistas de olheiras fundas disfarçavam-nas nas casas de banho com muito pó e algum blush imbuídas do espírito “sex, drugs and rock and roll”. Sobrevivi até ao “Funky Cold Medina”!
De manhã, procurava conforto e carinho nos pastéis de nata da pastelaria mais próxima e acabei por encontrar uma reflexão sobre o sentido da vida. É verdade!
“É para agora ou quer que embrulhe?” – isto dizia-me o empregado, enquanto eu lhe prestava atenção, demasiada até. Desde os movimentos dos lábios que articulavam o seu bigode farto (um dos melhores espectáculos de marionetas que já vi, diga-se) até à extremidade do seu braço onde a pinça apertava o pastel expectante.
Era o momento de viragem, tinha aprendido muito nessa noite.
Embrulhar para quê? Para mais tarde? A massa folhada já não ia estar estaladiça, o creme não ia estar quente. Não! Só existo agora, quando faço e experimento, não sei o que é o futuro. Embrulhar é adiar o que eu sou, o que posso ser. Claro que não verbalizei este discurso no mínimo estranho para o senhor da pinça. Aceitei-o com dois guardanapinhos que diziam “Bom Apetite” e fui embora.
Aprendi isto, porque conheci alguém muito especial. Subitamente, a meio da noite, quando a música estava mais apoteótica, a transpiração mais agressiva, as pisadelas mais frequentes, enfim, tudo do melhor… o Tempo interrompe o seu fluxo. Tudo pára. Sid Vicious que arrasava com “Anarchy in UK” deslizou suavemente para o piano e começou a tocar a melodia do célebre filme da Disney: “ Someday my prince will come”. As pessoas começaram a dançar valsas por entre borboletas e pássaros tropicais que de repente invadiram a sala. E eis que a spotlight descobre-o (sem ele se aperceber, claro). A minha intuição feminina confirmava as suspeitas que eu vislumbrara no seu olhar ternurento (que ele lançava ao fazer um cigarro… apesar dos seus óculos graduados e do seu cabelo até às sobrancelhas). Mas Vicious cansou-se do piano e da voz de falsete e voltou ao punk, os pássaros e borboletas voltaram ao filme e as pessoas voltaram aos anos 80.
Ouvia-se “ She’s lost control”, e os meus movimentos coreográficos à Ian Curtis não combinavam muito com o quadro de amor romântico novecentista que esboçara há algum tempo atrás. Embriagada pela música e pelos dois finos deixei-me guiar pela onda epiléptica. Quando a música mudou e voltei a abri-los já a voz da Cindy Lauper invadia o espaço, e para minha surpresa não era só a Cindy! O meu princípe da Disney e o seu amigo também. Depois do meu desgosto de desenho animado, confesso que até gostei de o ver saracotear as ancas e agitar os ombros para o namorado. Juntei-me a eles, aos saltinhos e gritinhos, invadida pelas palavras daquela grande líder espiritual:

- OH, GIRLS, JUST WANNA HAVE FU-UN!


Digam Não ao Embrulho!

domingo, janeiro 28, 2007

A sereia das pernas tortas



Era uma vez uma mulher que tão depressa era feia como era bonita.
Quando era bonita, as pessoas diziam-lhe:
-Eu amo-te.
E iam com ela para a cama e para a mesa.
Quando era feia, as mesmas pessoas diziam-lhe:
-Não gosto de ti.
E atiravam-lhe com caroços de azeitona à cabeça.
A mulher pediu a Deus:
-Faz-me ou bonita ou feia de uma vez por todas e para sempre.
Então Deus fê-la feia.
A mulher chorou muito porque estava sempre a apanhar com caroços de azeitona e a ouvir coisas feias. Só os animais gostavam dela, tanto quando era bonita como quando era feia, como agora que era sempre feia. Mas o amor dos animais não lhe chegava. Por isso deitou-se a um poço. No poço, estava um peixe que comeu a mulher de um trago só, sem a mastigar.
Logo a seguir passou pelo poço o criado do rei, que pescou o peixe.
Na cozinha do palácio as criadas, a arranjarem o peixe, descobriram a mulher dentro do peixe. Como o peixe comeu a mulher mal a mulher se matou e o criado pescou o peixe mal o peixe comeu a mulher e as criadas abriram o peixe mal o peixe foi pescado pelo criado, a mulher não morreu e o peixe morreu.
As criadas e o rei eram muito bonitos. E a mulher ali era tão feia que não era feia. Por isso quando os criados foram chamar o rei e o rei entrou na cozinha e viu a mulher, o rei apaixonou-se pela mulher.
-Será uma sereia?- perguntaram em coro as criadas ao rei.
- Não, não é uma sereia porque tem as duas pernas, muito tortas, uma mais curta que a outra. - respondeu o rei às criadas.
E o rei convidou a mulher para jantar.
Ao jantar, o rei e a mulher comeram o peixe. O rei disse à mulher quando as criadas foram embora:
- Eu amo-te.
Quando o rei disse isto, sorriu à mulher e atirou-lhe com uma azeitona inteira à cabeça. A mulher apanhou a azeitona e comeu-a. Mas, antes de comer a azeitona, a mulher disse ao rei:
- Eu amo-te.
Depois comeu a azeitona. E casaram logo a seguir no tapete de Arraiolos da casa de jantar.
Adília Lopes, In Quem quer casar com a poetisa?

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Xkéban y Utz-colel -Lenda Maia, por Marta Escudero




Marta Escudero é uma contadora mexicana do universo do feminino: de alcova, humilhações, diários, suspiros, trabalho. Conta histórias de "buenas mujeres de moral distraída"- Las Ruleteras. Este era o nome que na Cidade do México se dava aos táxis e que por expansão de significado se começou a dar também às prostitutas, mulheres que são “poco respetuosas con las buenas costumbres y tienen tendencia a un amplio intercambio carnal”.
Las Ruleteras é um espectáculo de contos com reportório de contos muito variado de: Isabel Allende "Hermelinda", Gabriel García Márquez "la increible historia de la cândida Erendira y de su abuela desalmada", Francisco Rojas González "Las Rojas Goméz", ou enraizados na tradição oral mais ancestral como o conto que ouvimos.
A música de Pep Lladó ambienta e enfatiza os momentos da narração.
Espero que gostem!

sábado, janeiro 20, 2007

"Contra as Constipações....


Laranjas e Limões."


Deixem-se de medicamentos e vacinas! Afinal está tudo de cama na mesma. O melhor são os métodos da avozinha. Aqui fica uma receita caseira de um xarope milagroso (este é para a tosse e rouquidão):


Numa tigela (leia-se tuperware, p.f.) põe-se uma boa camada de cebola picada, cobre-se com açúcar amarelo, por cima outra camada de cenoura cortada miudinha e bota-se outra camada de açúcar amarelo. Deixa-se ficar de um dia para o outro para "rever água". Bebe-se uma colher de chá dessa água 3 vezes ao dia. Tem de se ter na lembrança de espremer bem a mistura.



Se forem adeptos da boa-mesa, podem usar a cebola e a cenoura neste Caldo de Rabo de Boi (uma coisinha leve):


Faz-se um refogado com banha de porco e uma cebola cortada às rodelas finas, um dente de alho, dois tomates sem pele nem pevides, três cenouras e um ramo de salsa. Quando a cebola estiver já passada, deita-se o rabo de boi, cortado aos bocados e deixa-se que se apure um pouco. Junta-se água suficiente para a sopa e tempera-se com sal e pimenta. Deixa-se apurar bem o caldo e engrossar em lume lento.


As melhoras!

segunda-feira, janeiro 15, 2007

O que é que conto quando conto?, por ... quem quiser!

Astral Projections, Rob Gonsalves

Deixem aqui o vosso testemunho como contadores, narradores... criadores de outros mundos...sejam eles quais forem.


domingo, janeiro 14, 2007

O que é que conto quando conto?, por Clarissa Pinkola Estés


Há muitos modos de abordar as histórias.

O estudioso profissional do folclore, o analista freudiano, junguiano ou de outra corrente, o etnólogo, o antropólogo, o teólogo, o arquólogo, cada um tem um método diferente, tanto na compilação das histórias como na aplicação a elas atribuída. (...)

Em termos viscerais, porém abordo as histórias como cantadora, contadora de histórias, guardiã das velhas histórias. Venho de uma linhagem de contadoras: mesemondók, velhas húngaras que contam as suas histórias sentadas em cadeiras de madeira com as suas carteiras no colo, as pernas abertas, as saias a tocar o chão... e cuentistas, velhas latinas que ficam paradas de pé, com os seus seios fartos, ancas largas, gritando histórias num estilo ranchera. Os dois clãs contam histórias na voz natural das mulheres que vivenciaram famílias e filhos, pão e ossos. Para elas, uma história é um medicamento que fortifica e recupera o indivíduo e a comunidade.
As modernas contadoras de histórias descendem de uma comunidade imensa e antiquíssima composta de santos, trovadores, bardos, griots, cantadoras, chantres, menestréis, vagabundos, megeras e loucos.

Uma vez sonhei que estava a contar histórias e sentia alguém a dar-me palmadinhas no meu pé para me incentivar. Olhei para baixo e vi que estava em pé nos ombros de uma velha que me segurava pelos tornozelos e sorria para mim. "Não, não" disse-lhe eu". " Suba nos meus ombros, a senhora é velha e eu sou nova." "Nada disso" insistiu ela. "É assim que deve ser".
Percebi que ela também estava em pé nos ombros de uma mulher ainda mais velha do que ela, que estava nos ombros de outra mulher que usava manto, que estava nos ombros de outra criatura, que estava nos ombros... Acreditei no que disse a velha do sonho a respeito de como as coisas devem ser. (...) Se existe uma única fonte das histórias e um espírito das histórias, ela está nessa longa corrente de seres humanos. (...)


Adaptado de

Mulheres que correm com lobos

Clarissa Pinkola Estés

sábado, janeiro 13, 2007

Na Biblioteca de Chaves foi assim:








Adoro contar, contar-te, encantar, encontrar-me.
Histórias com livro, com tapete, cantadas, mas as melhores são as histórias da voz e e do gesto sem mais nada.
Pessoas grandes ou pequenas, o que muda é a altura,porque na hora da história: olhos nos olhos e muita ternura.

...hoje estou muito lamechas, mas vejam as fotos primeiro ;)

domingo, janeiro 07, 2007

La Linea



Este clássico de animação cativou-me pelas suas semelhanças com algumas linguagens performativas.
Uma das linguagens que está sempre presente é a do contador de histórias. A mão que desenha-o contador- mostra a personagem e o espaço, para de seguida desaparecer e deixar a história seguir o seu curso, surgindo pontualmente quando quer comentar, reforçar ou corrigir eheh.

Também o narrador/transmissor de histórias se oculta por trás das suas palavras e imagens.
De qualquer forma, vale uma boa gargalhada.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Workshop TALC


O TALC – Teste de Avaliação da Criança é indicado para crianças dos 2 anos e meio aos 6 anos. Tem como objectivos: identificar crianças que funcionam significativamente abaixo dos seus pares relativamente à linguagem, identificar áreas específicas fortes e fracas e promover evidência do progresso da intervenção.
O TALC avalia as componentes de Compreensão e Expressão da Linguagem nas áreas da: Semântica (vocabulário, relações semânticas e frases absurdas), da Morfossintaxe (frases complexas e constituintes morfossintácticos) e da Pragmática (funções comunicativas). O tempo de aplicação do TALC é de 30 a 45 minutos.

Objectivos

- Identificar e descrever as áreas do desenvolvimento da linguagem aferidas no TALC;

-Descrever a forma de aplicação e cotação;

- A aplicabilidade do teste no diagnóstico\ne na formulação de planos de intervenção.

-Conteúdos Programáticos.

-Desenvolvimento da linguagem: a semântica, a morfossintaxe e a pragmática;

- Descrição das áreas descritas no TALC e os subtestes usados.

-Discussão da escolha dos itens dos subtestes;

Conteúdos Programáticos

Desenvolvimento da linguagem: a semântica, a morfossintaxe e a pragmática;

Descrição das áreas descritas no TALC e os subtestes usados. Discussão da escolha dos itens dos subtestes;

Forma de aplicação e cotação dos subtestes.

Exemplificação com alguns casos práticos;

Uso do TALC em diferentes problemas de linguagem: um meio complementar de diagnóstico;

Uso do TALC no planeamento da intervenção: identificação de áreas fortes e fracas e de objectivos de intervenção.

Destinatários: Possuidores e interessados no TALC

Local: Biblioteca do Hospital CUF Descobertas - Lisboa (Parque das Nações)

Forma de aplicação e cotação dos subtestes. Exemplificação com alguns casos práticos;
Uso do TALC em diferentes problemas de linguagem: um meio complementar de diagnóstico;
Uso do TALC no planeamento da intervenção: identificação de áreas fortes e fracas e de objectivos de intervenção.

Data e Horário: 20 Janeiro 2007 (sábado), das 9.30 às 13 horas

Nº de Vagas - 35 (Admissão por Ordem de Chegada das Fichas de Inscrição)
Formadoras:
Maria Dulce Tavares- Terapeuta da Fala, Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Educação (Multideficiência), Professora na Escola Superior de Saúde do Alcoitão
Eileen Sua Kay- Terapeuta da Fala, Master in Education, Mestre em Linguística (Psicolinguística), Professora no Instituto Politécnico de Setúbal - Escola Superior de Saúde

Preço de Inscrição :
Até 16/01/2007 - €30
Após 16/01/2007 - €40

terça-feira, janeiro 02, 2007

Quinta de Contos com José Craveiro| 22h| Ateneu de Coimbra



Desejamos um bom 2007 e informamos que as Quintas de Contos continuam.
A Camaleão realiza mais uma sessão de contos no dia 4 de Janeiro, no Ateneu (perto da Sé Velha), às 22h00.
Com o narrador convidado José Craveiro. Homem da terra e da genuína tradição oral. Os seus contos jorram de uma arca feita de tempo perdido. Homem de muitos saberes ... e sabores, ele depois conta-vos.
Apareçam!

Contos e Contadores de histórias na TV



A não perder no dia 5 de Janeiro pelas 22h30, o documentário sobre os contos e contadores de histórias em Portugal, por Helena Gravato.
No canal 2.