sexta-feira, dezembro 28, 2007

Tempo de Cinzas



Chegando a esta altura do ano, as retrospectivas redobram e as promessas triplicam. Tudo culpa da nossa mortalidade. E ainda bem!

Se a efemeridade nos permitisse um intervalo, nunca contaríamos o Tempo, nunca engolíriamos as 12 passas, nunca seríamos Fénix.


Para quem quer iniciar este ciclo em grande, é só ir até Coimbra, aqui estão algumas sugestões dadas pelo Rodobalho para o final do ano de 2007.

Um Bom Ano 2008! Com muitos contos, danças e música pelo caminho!

quarta-feira, dezembro 26, 2007

II Maratona de Contos na Livraria Salta Folhinhas




-Então e depois do Natal?
-Depois do Natal temos Contos de Reis com muitos e excelentes contadores na Livraria do Costume...

terça-feira, dezembro 25, 2007

Ah! Passei por aqui para desejar

FELIZ NATAL :)

domingo, outubro 21, 2007

Oficina de Contadores de Historias 2007


OFICINA DE CONTOS


Formadores: Helena Faria e José Geraldo

Início: 13 de Novembro

Duração: 40 horas

Preço: 240,00 Euros

Horário: Terças-feiras das 21h00 às 00h00

Local: Ateneu de Coimbra

Inscrições Limitadas

Desconto de 20% para Estudantes, Sócios do SPRC

Membros de Associações Culturais

Inscrições e Informações: 91 604 32 48/ 96 860 89 29 (Cláudia do Vale)

Camaleao-mail@netcabo.pt / http://grupocamaleao.blogspot.com/

terça-feira, outubro 02, 2007

London Calling


A partir de agora este blog vai ser actualizado a partir de Londres. Teremos outras novidades, outros contos e histórias. Para começar uma actualização do dicionário Oxford.
British mood (I´m in the mood,see?- and out of it)


Borderliners Shelter


Happyness

Telephone Box
(estas não estão nos postais)
Sunday

terça-feira, setembro 04, 2007

sexta-feira, agosto 17, 2007

Palavras Andarilhas 2007| 20, 21 e 22 de Setembro| Biblioteca Municipal de Beja


Como o programa é muito extenso, vou falar "poucachinho".


Sexta-feira -DIA 20 DE SETEMBRO


10.o1h- Daniel Pennac

11.59h- "Como me contam os contos", Ana Garcia Castellano

15.03h- "Interacção imagem-leitor:a construção de sentidos", Ana Margarida Ramos

16.32h- "Interacção texto-leitor: um diálogo cognitivo", António Mendozza Fillola

18.07h- "Quando todos os caminhos vão dar à praça", Cordão humano pela leitura, da Biblioteca até à praça da República.

18.31h- "O rumor da leitura", José luís Polanco

21.30h- Noite de contadores andarilhos e lançamento da estafeta de contos.

23.00h- O copo.

Espectáculo de poesia.


Sábado- DIA 21 DE SETEMBRO


Matinas de leitura

Leitura a muitas vozes de textos de Ítalo Calvino


10.01h- "Calvino, o contador rampante ou o desmeado inexistente?", José Colaço Barreiros


11.33h- "Da infância dos clássicos", José António Gomes


14.30h-17.30h-Oficinas


Vésperas de leitura

Leitura a muitas vozes de textos de Stella Maris Resende e de João Pedro Messéder


Na praça da Leitura (Igreja da Misericórdia)

18.34h- O lugar onde moram as palavras

- "Os encantadores de pássaros"

- Stella Maris Resende

- "Uma casa faz-se por dentro"

- João Pedro Messéder


FESTIVAL DE NARRAÇÃO


21.ooh- "Canta Contos"

22.00h- "Maricuela"- Maria Molina

22.46h- Ângelo Torres

23.37h- Carolina Rueda


Sábado- 22 DE SETEMBRO


Matinas de leitura

- Leitura a muitas vozes de excertos de Gilgamesh


9.36h- "Depois do dilúvio, nós...", António Carlos Carvalho


10.37h- Pontos de Contacto entre narradores orais e tradicionais e os novos narradores, Marina San Filipo


11.59h- Conversas à porta de casa, entre narradores tradicionais e contemporâneos


14.33h e 17.33h- oficinas


18.35h- "contar, ouvir e urdir as tramas simbólicas dos contos", Francisco Vaz da Silva


FESTIVAL DE NARRAÇÃO


21.31h- Jorge Serafim


22.33h- Patrícia Orr


23.29h- Ana Garcia Castellano


00.30h- "Completas" de leitura, pelos narradores presentes no encontro


OFICINAS DIAS 21 E 22


Oficinas de narração

-Carolina Rueda

-Ana Garcia Castellano

-Maria Molina


Oficinas sobre mediação leitora

"Ler e escrever- Viagem ao mundo das palavras", José luís Polanco

"Escrever para ler e ler para escrever", Teresa Guedes

"Leitura Fácil", Associação de Leitura fácil da Catalunha

"Palavras pela rua", Piratas de Alexandria

"Leitura expressiva e recriativa", Paulo Condessa

"A leitura e a voz", João Grosso

"O álbum ilustrado na formação do leitor", Ana Margarida Ramos

"Ler, escrever e de repente aprender", Stella Mariz Resende

"Imagem e sinestesia", Rê Fernandes

"A arte no álbum infantil", Eva Mexuto, OQO

"Animação À leitura- ou como fazer com que as crianças não leiam nunca mais", Carles Garcia Domingues

"Que Pensa a minha Sombra?", José António Portillo

"Chaves intertextuais na literatura infantil e juvenil", António Mendoza Fillola


Valor da inscrição: 50€

Inscrições até 7 de setembro para:

Palavras Andarilhas/Secretariado

Biblioteca Municipal de Beja

Rua luís de camões S/N

7800- 361 Beja


INFORMAÇÕES:

Rita Monteiro/Cristina Taquelim- 284 311 900/ 284 311 929



quarta-feira, agosto 01, 2007

Agenda de Verão


Entre um pé de valsa e uma"chotiça" não deixem de se aquecer nas Fogueira de Histórias do Festival Andanças em são pedro do sul. Rumando mais ao litoral, rumam a tempos medievais na Tenda dos Contadores de Histórias na Viagem Medieval de Santa Maria da Feira.

segunda-feira, julho 02, 2007

Quinta de Contos| António Fontinha| 5 de Julho| 22h| Ateneu de Coimbra



Nesta Quinta-feira, António Fontinha trará consigo contos guardados nos castelos mais antigos...

Aqui está o castelo de Chuchurumel.

Aqui está a porta
do castelo de Chuchurumel.

Aqui está a chave
que abre a porta
do castelo de Chuchurumel.

Aqui está o cordel
que prende a chave
que abre a porta
do castelo de Chuchurumel (...).



(lenga-lenga popular)

sexta-feira, junho 15, 2007

Documentário "Histórias"

Fui espreitar o blog do Carles Garcia Domingues e descobri que ele tinha participado neste filme, gravado durante um encontro de contadores de histórias no Rio de Janeiro.
O que é um contador? Porque conta?

quinta-feira, junho 07, 2007

Hoje acordei assim:



Ma chambre a la forme d'une cage
Le soleil passe son bras par la fenêtre
Les chasseurs à ma porte comme les petits soldats
Qui veulent me prendre

Je ne veux pas travailler
Je ne veux pas déjeuner
Je veux seulement t'oublier
Et puis je fume...

Déjà j'ai connu le parfum de l'amour
Un million de roses n'embaumerait pas autant
Maintenant une seule fleur dans mes entourages
Me rend malade

Je ne veux pas travailler
Je ne veux pas déjeuner
Je veux seulement t'oublier
Et puis je fume...

Je ne suis pas fière de sa vie qui veut me tuer
C'est magnifique être sympathique
Mais je ne le connais jamais

Je ne veux pas travailler
Non, je ne veux pas déjeuner
Je veux seulement t'oublier
Et puis je fume...

Je ne suis pas fière de sa vie qui veut me tuer
C'est magnifique être sympathique
Mais je ne le connais jamais

Je ne veux pas travailler
Non, je ne veux pas déjeuner
Je veux seulement t'oublier
Et puis je fume...


Sympathique- Pink Martini

Quinta de Contos| Luzia do Rosário| Ateneu de Coimbra| 22h| 7 de Junho

Dia 7, ás 22h, no Ateneu, QUINTA DE CONTOS!!!!!!!!!!
com LUZIA DO ROSÁRIO
Com ela, a lareira acende-se e o tempo passa ao largo.
Um abraço
Helena Faria

domingo, junho 03, 2007

Where the wild things are


O livro Where the wild things are de Maurice Sendak foi editado pela primeira vez em 1963, e desde então a sua história tem sido adaptada para óperas, e animações como a que vemos em cima (1988, direcção de Gene Deitch). Bom filme!
Penso que não existe edição portuguesa, uma pena...

quarta-feira, maio 30, 2007

Pê de Pai| Isabel Martins| Bernardo Carvalho


Este livro-álbum mostra vários momentos entre pai e filho. O texto-legenda encaixilha a imagem e a imagem despoleta a história.Uma leitura inesgotável.

domingo, maio 20, 2007

Agenda de Junho


Esta é a minha agenda para Junho, entre um banho de sol e um mergulho há sempre tempo para escutar...

quinta-feira, maio 17, 2007

Imaginarius 2007| Santa Maria da Feira


"Pelo sétimo ano consecutivo, o Imaginarius apresenta-se pontual no encontro com o seu público para alterar a normalidade do quotidiano, reinventando os espaços urbanos e proporcionando a todos uma oportunidade de encontro com o teatro e com a arte.
O festival, cada vez mais empenhado na vertente da criação, propõe este ano quatro produções próprias (“Donzela”, “Teatro e Matrimónio”, “Market Platz 2” e “O Canto das Sirenes encontra o Fado”) e acolhe uma outra da Associação Sete Sóis Sete Luas.
“Donzela”, de Joana Vasconcelos, exprime com grande força a escolha do festival em estabelecer uma importante relação com o território e com a comunidade de Santa Maria da Feira. Uma escolha premiada também pelo facto de que “Donzela”, imediatamente após a apresentação no Imaginarius, será exposta numa das bienais de arte mais importantes do mundo, a de Veneza.
“Teatro e Matrimónio” é um projecto do Imaginarius que obteve o reconhecimento e apoio da Comunidade Europeia, através do programa Cultura 2000. Trata-se de uma viagem em torno da instituição do casamento, vista sobretudo sob o perfil da sua ritualidade dramatúrgica.
“Market Platz 2” afronta, sem inibições, como é típico da Companhia Cacahuète, um tema central da sociedade de hoje: o consumismo como única razão da nossa existência, agora predominante sobre qualquer outro valor. Um espectáculo difícil, mas certamente necessário.

“O Canto das Sirenes encontra o Fado” funciona como uma espécie de alarme, solicita a nossa maior atenção, para que não nos percamos de vista uns aos outros, numa sociedade que parece ter esquecido os próprios pontos de referência.
O Imaginarius será anfitrião da inauguração de um projecto da Associação Sete Sóis Sete Luas denominado “Parque das Árvores Queimadas”, realizado pelo artista brasileiro Zenildo Barreto. É uma instalação permanente num espaço público, que pretende contribuir para a sensibilização do problema dos incêndios estivais que tanto aflige Portugal, sobretudo nos últimos anos.São várias também, como sempre, as acções de formação do festival. De entre todas recordamos o ateliê de Pippo Delbono e o dos irmãos Colombaioni, os palhaços escolhidos por Federico Fellini para os seus filmes, dedicados ao mundo do circo.De entre as companhias estrangeiras de passagem pelo festival, todas em estreia nacional, queremos relembrar Doedel, uma extraordinária companhia que retrata a realidade artística holandesa, e Teatro de la Saca, uma jovem e muito promissora companhia espanhola.
De entre as nacionais, devemos certamente referir o espectáculo “Arestas” (co-produção FIAR/O Bando), pela primeira vez no Imaginarius."

Fonte: Direcção Artística do Festival

Feira Sem Regras| Sábado- 2 de Junho| Convento Velho de Santa Clara| Coimbra


Propomos um evento lúdico e cultural que incluirá a realização de uma feira de objectos, que cada um de nós tem certamente em casa ou na garagem, ou de artesanato que produz, animada por actividades culturais protagonizadas por artistas (ou não) das artes visuais, performativas, teatrais ou musicais que queiram associar-se e divertir-se.

Quem queira, pode deslocar-se para aquele espaço, montar a sua banca de venda de objectos, trazer o cavalete e pintar, fazer uma performance, um show de mimo, etc.


O acesso à feira é vedado a comerciantes profissionais.


Org. AAME - Associação de Amigos da Margem Esquerda+Junta de Freguesia de Santa Clara+Câmara Municipal de Coimbra

sábado, maio 12, 2007

Lenga-Lenga

Estando eu nas minhas terras, ai Jesus
Muito bem descansadinho
Quando me veio a notícia, ai Jesus
Que o meu pai tinha morrido
Minha mãe por nascer.
Peguei nos bois às costas, ai Jesus
E o arado a correr
Deitei-me por ali abaixo, ai Jesus
Encontrei um pessegueiro
Carregado de melões
(a)subi-me acima dele, ai Jesus
A comer minhas maçãs
Quando lá vem o dono dele, ai Jesus
Que fazes aí ladrão?
Hei-de dar-te tantas pauladas, ai Jesus
Quantas pulgas tem um cão.
Quando sai Maria Delgado, ai Jesus
Na cafua dos *leitães
Uma porca com bezerros, ai Jesus
E uma galinha com cães.

Esta lenga-lenga é tradicional da Ilha Terceira, nos Açores. Ouvimos a versão (adaptada por Ricardo J. Dias) da Brigada Victor Jara pela voz de Carlos Medeiros.

Aos Sábados na Salta Folhinhas


terça-feira, maio 01, 2007

Um carreirinho de letrinhas à procura da palavra| Pombal| 4 e 5 de Maio




Não percam o V Encontro de Literatura Infanto-Juvenil, na Biblioteca Municipal de Pombal!
Inscrições até 3 de Maio.
Vemo-nos lá?

Programa:
4 de Maio
9:00 Recepção dos participantes
9:30 Leituras Partilhadas
Presidente da Câmara Municipal de Pombal
Vereador da Educação da Câmara Municipal de Pombal
10.00 Despertar con la Lectura com Pepe Duran
11:00 Bebés leitores: paradoxo ou realidade? por Sylviane Rigolet
12:00 Ler em família: actividades de leitura para pais e crianças
dos 9 meses aos 3 anos por Susana Silvestre
13:00 Vamos às Migas
15:00 A Promoção da leitura literária na infância: um mundo
de verdura a não perder por Violante F. Magalhães
16:00 Mala de Leitura: uma prática da promoção do livro e da leitura
para crianças e jovens em países de língua portuguesa
por Maurício Correa Leite
17:00 Da escrita à leitura: um olhar desde a animação sociocultural
sobre percursos de criatividade por Ana Silva
18:00 Vitória, Vitória, voltamos mais logo para outra história
21:30 Ao serão com livros, leituras e contos
Encontro com livros... Maurício Correa Leite
Encontro com contos... Pepe Duran e Tânia Silva
5 de Maio:
10:00 Como incentivar nas crianças o gosto pela leitura
por José Manuel Cruchinho
11:00 Cuentos para el despertar com Pepe Duran
12:00 Despertar através da imagem novos sentidos para a leitura
à conversa com Paulo Galindro e Alberto Péssimo
13:00 Vamos às migas
15:00 Ler para crescer... por dentro por José Vaz
16:00 Notas e palavras saltitantes concerto de contos e música
com Biblioteca Municipal de Pombal e Banda Juvenil da Ilha
17:00 Encerramento
Actividades Paralelas
4 e 5 de Maio
A banquinha ambulante venda de livros. (K de livro, O Bichinho de Conto e Kalandraka)
Conto por tudo e por nada exposição de ilustração com originais de Mafalda Milhões
Salpicos Coloridos exposição de ilustração com originais de Paulo Galindro
4 de Maio
10:30 Janela aberta para a leitura, actividade prática de promoção do livro
e da leitura para crianças do 1.º ciclo do Ensino Básico, com Mala de Leitura
e Brinquedos Tradicionais Brasileiros, com Maurício Correa Leite.
15:00 Era uma vez... sessões de contos para público do 2.º Ciclo do Ensino Básico,
com Tânia João Silva
5 de Maio
15:00 O sabor de uma história hora do conto para pais e filhos
com Mafalda Milhões.



quarta-feira, abril 25, 2007

25 de Abril



Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer.

José Afonso, Cantar Alentejano

segunda-feira, abril 23, 2007

23 de Abril- Dia Mundial do Livro


Os livros são casas
com meninos dentro
e gostam de os ouvir rir,
de os ver sonhar
e de abrir de par em par
as paisagens e as imagens,
para eles, lendo, poderem sonhar.

José Jorge Letria, Ler doce ler

segunda-feira, abril 16, 2007

Velhas Palavras, Novas Leituras


Entre Junho e Outubro de 2004 António Fontinha realizou um hercúleo trabalho de campo, onde procedeu ao levantamento de contos populares na Região de Entre Douro e Vouga.
Cerca de 500 contos foram recolhidos em registo audio e respectivamente catalogados.
Agora podemos ouvir um desses contos aqui no leitor do blog. A informante é a Dona Avelina Soares de Almeida, de 81 anos, residente em Arouca.


" (...) Num tempo tão cheio de tanta coisa, é de justiça "tirar o chapéu" a essas histórias milenares que teimosamente perduram na memória e àqueles que, acalentados pela chama dos afectos- " A gente quando fala nestas coisas parece que ainda sente alegria (...) aquilo era ali uma roda de irmãos todos, ali todos à espera do comer, e tudo a contar a sua história"- as seguem recordando. (...) "


António Fontinha, Julho de 2005

terça-feira, abril 10, 2007

Os três pratos

(Na foto estão quatro pratos, mas na realidade trata-se de uma ilusão de óptica, pois se fixarem o bueiro durante 15 minutos verão três, e se o fixarem durante 20 minutos não irão ver nada.)

Quando o camponês descobriu que sua mulher o traiu, obrigou-a a preparar a mesa para três. E durante o resto da vida comeram contemplando, diante deles, o terceiro prato vazio.



Tonino Guerra, Histórias para uma noite de calmaria, p. 71, Assírio & Alvim, Lisboa, 2002

domingo, abril 01, 2007

Corre, corre, cabacinha

Hoje temos duas versões do mesmo conto, com desenlaces diferentes: A velha e os lobos.
A versão escrita, recolhida em Coimbra, é da responsabilidade de Adolfo Coelho, incluída na antologia Contos populares portugueses, pp 95-96, Publicações Dom Quixote, 7ª edição, Lisboa, 2002.
A versão video, recolhida no Baixo Alentejo,
(onde deixo aqui o link) é da responsabilidade de José Barbieri, Cristina Taquelim e Marta do Ó.
A contadora, tão expressiva, é a Dona Olívia Brissos.
Agora quero tudo "tira-tira beque-beque" que vamos contar um conto:

A velha e os lobos

Uma velha tinha muitos netos, um dos quais estava ainda por baptizar. Um dia a boa velhinha saiu a procurar um padrinho para o seu netinho e no caminho encontrou um lobo, que lhe perguntou:
" -Onde vais tu, velha?"- ao que ela respondeu:
"-Vou arranjar um padrinho para o meu neto."
"-Ó velha, olha que eu como-te!"
"- Não me comas que quando se baptizar o meu menino, dou-te arroz-doce."
Foi mais adiante e encontrou outro loboque lhe fez a mesma pergunta e ela deu-lhe a mesma resposta. Depois encontrou um homem que lhe perguntou o que ela ia fazer e, como ela lhe respondesse que ia procurar um padrinho para o seu neto, ele ofereceu-se logo para isso. Depois a velha contou-lhe o encontro que tinha tido com os lobos e o homem deu-lhe uma grande cabaça e disse-lhe que se metesse dentro dela que assim iria ter a casa sem que os lobos a vissem. A velha meteu-se na cabaça e esta começou a correr, a correr, até que encontrou um lobo que lhe perguntou:

"- Ó cabaça, viste por aí uma velha?"
"- Não vi velha, nem velhinha;
Não vi velha, nem velhão;
Corre, corre, cabacinha
Corre, corre, cabação."
Mais adiante encontrou outro lobo que perguntou também:
"- Ó cabaça, viste por aí uma velha?"
"- Não vi velha, nem velhinha;
Não vi velha, nem velhão;
Corre, corre, cabacinha
Corre, corre, cabação."

A velha, julgando que já estava longe dos lobos, deitou a cabeça fora da cabaça, mas os lobos, que a seguiam, saltaram-lhe em cima e comeram-na.


Versão do conto A velha e os lobos, recolhida na região de Coimbra

sexta-feira, março 30, 2007

Festival Sons e Ruralidades| 27 de Abril a 1 de Maio



Na primavera renova-se a Natureza. Toca a pôr a mochila às costas e rumar para Vimioso, Trás-os-Montes!
Chegou a 2ª edição do Festival Sons e Ruralidades, um encontro multicultural realizado numa região onde sobrevivem alguns dos mais bem conservados valores naturais de Portugal e onde as tradições e as artes rurais ainda permanecem bem vivas no quotidiano de quem lá vive e no imaginário de quem a visita.
Este ano, durante cinco dias de actividades, serão realizadas actividades para todos os gostos, desde palestras e debates, oficinas de dança, musica e artes rurais, jogos tradicionais, concertos, teatro, animação e exposições, complementando-se estas actividades com uma feira e exibição de artesãos e associações.
Programa:
SEXTA-FEIRA, 27 de Abril
16:30 - Recepção dos participantes
18:00 - Abertura do Festival
22:30 - Concerto - FOL&AR
Pela noite dentro - Arraial tradicional
SÁBADO, 28 de Abril
11:00 - Abertura do Festival
- Conversas na Taberna
- Oficinas de Danças
- Jogo do Pau
14:30 - Palestras “O Povo que Canta”. Alfredo Tropa (Realizador de "O Povo que Canta")
"Instrumentos Musicais a partir de Ossos de Animais". Carlos Pimenta e Marta Moreno (Instituto Português de Arqueologia, Laboratório de Zoo-Arqueologia)"Artes e Tradições Rurais""Oferta Cultural no Interior". Rui Ângelo Araújo (Revista Periférica)
16:30 - Oficinas de Tamborileiros, Percussões e Danças
22:30 - Concerto - Uxu Kalhus Pela noite dentro - Arraial tradicional
DOMINGO, 29 de Abril
10.00 - Feira de Burros
11:00- Jogos tradicionais
14:30 - Desfile da Feira de Burros - Animação com música - Jogos tradicionais
18:00 - Projecção de Filme
21:30 - Concerto - La Bazanca (Espanha)
22:30 - Arraial tradicional
SEGUNDA-FEIRA, 30 de Abril
11:00 - Abertura do Festival - Conversas na Taberna - Oficinas de Danças - Jogo do Pau
14:30 - Palestras e Grupos de Discussão com as Associações convidadas, presentes na Feira-Mostra.
16:30 - Oficinas de Tamborileiros, Percussões e Danças
21:30 - Concerto: Las bielhas, ls rapaçs i ls burros (Cantares Tradicionais com Chuchurrumel e vídeo de Tiago Pereira) Pela noite dentro - Arraial Tradicional
TERÇA-FEIRA, 1 DE MAIO
11:00 - Passeio pedestre até Angueira (aldeia do concelho de Vimioso)
13:00 - Pic-nic Campestre
14:30 - Convivio na aldeia. Festa das Maias

quinta-feira, março 29, 2007

O sal e a água



Uma contadora de histórias à moda antiga conta uma versão do conto tradicional português O sal e a água .

(Informante: Tia Toneca, recolha video de Tiago Pereira, se não me engano)

(recolha escrita de Teófilo Braga in Contos Tradicionais do Povo Português, Volume 1, pp. 228-229, Publicações Dom Quixote, 6ª edição, Lisboa, 2002)

Sombras na parede







Hoje acordei a meio da noite e não tive mais sono. Também não queria acender a luz para não incomodar quem consegue dormir e fiquei ali perdida nas sombras do quarto. Lembrei-me de quando era miúda e fazíamos histórias com as sombras das mãos...
Garanto que é divertido, barato e bom remédio contra as insónias... chhhhh!!

Quinta de Contos| Jorge Serafim| Ateneu de Coimbra| 19 de Abril| 22h


Esta Quinta de Contos chega uma semana mais tarde. Vem do Alentejo.
O Serafim já é um habitué dos nossos serões. Para quem não sabe quem é o Serafim:
"Tenho em mim, que um resumo é coisa de pouco sumo. É um dizer pouco quase mouco. Mas das palavras, da sua inteira dimensão, retenho as astúcias com que elas combatem as angústias para que este contador e promotor da leitura continue a traçar geografias.
Afinal, homens-árvore, palavras-fruto, não deixar que esta floresta arda, isto sim, isto é dar forma e um nobre sentido, à arte de amar a vida."

domingo, março 11, 2007

Da matéria

Janeiro de 2006, Confrontos entre colonos e polícia na Cisjordânia



" We are minor in everything but our passions."

Elizabeth Bowen

sábado, março 03, 2007

Concurso de Escrita de Curtas


Envia a melhor sinopse e ganha este Workshop de Escrita de Curtas nos dias 17 e 18 de Março na Restart.
Irá centrar-se nos novos formatos audiovisuais, pequenos filmes, criados especificamente para exibição através dos novos suportes multimédia, tais como telemóveis, iPod, web, PSP, etc... Uma nova linguagem, um novo género, novas formas e técnicas. A escrita reduzida ao pequeno ecrã.
Realizado pela argumentista Maria João Cruz, o objectivo do Workshop serão:
- A apresentação e discussão das novas possibilidades criativas e destes novos formatos surgidos com o desenvolvimento das novas tecnologias e new media.

- Promover a escrita para pequenos formatos.

- Incentivar a criação de filmes curtos em pequeno suporte

- Estimular o desenvolvimento de novos criativos e novos formatos artísticos.

Nuno Markl e Filipe Homem Fonseca, membros das Produções Fictícias e autores de videocast’s, participarão enquanto convidados, passando as suas experiências nestes formatos.
Para ganhares este Workshop é só enviar uma sinopse e os dados por mail para news@restart.pt mencionando no assunto: Passatempo Workshop Escrita de Curtas.
Prazos: Envio de sinopse até 11 de Março
Divulgação do Vencedor: 14 de Março

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

A mamã não sabe o meu nome!






Adoro este livro! Pela história e pelas imagens. Acredito que é possível que este dilema aconteça a uma criança qualquer como aconteceu à Ana, a protagonista ficcional da história, por "ternurice aguda" da mãe.
A história é bizarra: um dia Ana suspeita que a sua própria mãe não sabe o nome dela! Chama-lhe de tudo: desde cabecinha de abóbora até macaquinha, mas nunca a chama de Ana. Tudo isto decorre ao longo de um dia, e Ana vai ficando cada vez mais furiosa, repetindo sempre:
"- O meu nome é Ana."
Esta frase é a fórmula (de sabor tradicional) que ajuda a manter a estrutura da história e a percebermos a importância do nome. O final é um mimo para os meninos mais ansiosos.
É pena não existir editado em português!
Ficha Técnica
Título original: Mamá no sabe mi nombre
Autor: Suzanne Williams, 1990
Ilustrador: Andrew Sachat, 1990
Editora: SM, Madrid, 6ª edición, 1997
Colecção: Los Piratas- El barco de vapor

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Semana da Leitura 2007


A Comissão do Plano Nacional de Leitura, em parceria com a Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), com a Associação dos Profissionais de Educação de Infância (APEI), organiza a Semana da Leitura 2007, de 5 a 9 de Março.


As escolas e as bibliotecas, organizando actividades, e também às famílias de crianças e jovens em idade escolar e a todos os que gostam de ler, são convidados a participar na Semana da Leitura 2007 e a contribuir para que tenha a mais ampla divulgação.


Esta iniciativa destina-se a celebrar e incentivar o prazer de ler, com múltiplas actividades festivas que promovam a leitura e o encontro entre os livros e os seus leitores, em contexto de sala de aula, nas bibliotecas escolares, nas bibliotecas públicas e em outros espaços que se disponham a colaborar.
Para mais informação consultar: Bibliotecas de Portugal

domingo, fevereiro 25, 2007

Quinta de Contos| 1 de Março| Patrícia Orr| Ateneu de Coimbra| 22h (junto à Sé Velha)


Esta Quinta de Contos abre espaço para o hemisfério sul com Patrícia Orr.



"Los cuentos son ventanas al mundo que pueden cambiar la vida
La vida me ha trazado diversos caminos, entre ellos: el Psicoanálisis y la Narración Oral. Como psicoanalista, trato de aliviar el dolor anímico y hacer surgir al sujeto de cada historia de vida entregada por las voces de los Otros desde antes de nacer.
Como narradora oral, trato de contar las historias de vida, la propia y la de los otros, entramadas en los cuentos que la humanidad ha engendrado para aliviar el dolor de existir. ¿Qué es nuestra vida sino lo que podemos contar de ella?"


sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Hoje acordei assim:


"I've seen it all", Dancer in the dark, Bjork & Thom Yorke


Por vezes queria viver num musical. A fronteira da pele aberta por um dia e dar liberdade à troca de matérias, o meu espaço interior, com o espaço exterior. Dançar, cantar.


E, assim,também podia fazer as tarefas mais chatas, tais como: ir às Finanças com piruetas e pliers para o funcionário com halitose em último grau, falar com pais super-protectores num timbre bjorkiano, descarregar o carro no final das sessões superando o ritmo do amassador de malas do aeroporto mais movimentado.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Workshop de Iniciação à Máscara

Foto de Ressonance, Theatre de L'ange fou


O Curso de Teatro e Educação, no âmbito do Projecto de Intervenção do 4º Ano dirigido por António Fonseca e em colaboração com O Teatrão, vem por este meio divulgar o Workshop de iniciação à técnica da Máscara, orientado por Nuno Pino Custódio, a decorrer na Escola Superior de Educação no próximo mês de Março.

As inscrições estão abertas para duas turmas. A primeira turma funcionará de 5 a 9 de Março, das 19 às 22h30. A segunda turma funcionará de 6 a 10 de Março (Terça a Sábado), das 10h30 às 13h30. O workshop decorrerá no Pólo II da ESEC (antigo ISCA).


Descrição do Workshop:


Falar em "máscara" significa, antes de tudo, falar em teatro, em teatro no seu estado puro. Pela metodologia do trabalho com máscara o aluno compreende e reaprende o seu comportamento como actor, que passa pelo despojamento de hábitos artificiais e pelo controle do corpo, do movimento e do gesto.
· Apresentação
· Regras Éticas e Regras Básicas
· O Olhar Condutor
· Acção, objectivo e conflito
· Discurso Interior em "Cérebro Aberto"
· A verbalidade na Máscara
· Estruturar uma improvisação
· Introdução ao "Jogo do Círculo"

O número limite de inscrições para cada grupo é de 20 participantes.

As inscrições terão duas fases:- de 22 a 28 de Fevereiro para alunos da ESEC ( preço de inscrição 30 euros)- de 1 a 5 de Março para outros participantes (preço de inscrição 50 euros)

As inscrições poderão ser feitas para nas instalações d'O Teatrão e só serão válidas mediante pagamento.

Seguem algumas indicações sobre o workshop que deverão ser rigorosamente cumpridas:

1. Os participantes têm de usar roupa preta confortável, meias ou ténis pretos (S/ marcas)

2. Cada participante deverá levar um par de meias collant de mousse preta.
3. Os participantes deverão ainda tirar todos os acessórios antes do Workshop começar (relógios, piercings, brincos,etc.)

4.Todos os participantes deverão apresentar-se nas instalações 15 mn aintes do início do Workshop.
5. Nenhum participante poderá entrar após o início do Workshop.

Para mais informações:

O Teatrão- Oficina Municipal do Teatro, Rua Pedro Nunes, Qta da Nora 3030-199 Coimbra Telf: 239 714 013 Telm: 914 617 383 geral@teatrao.com

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Capítulo Terceiro (derradeiro e triunfal) de A Puta de Mensa de Woody Allen


Fotografia de Joana Lorça, cortesia de Nilson




Caros leitores,

Peço desculpa pelas taquicardias, tremores e espasmos provocados ao não ter cumprido a promessa da publicação do último capítulo.
Talvez as "brasileiras" de collants tenham perdido a sua doçura saltitante no sambódromo, e a cerveja vos soubesse a canja de galinha, certo? Eu sei que a ansiedade é muita, mas vale a pena a espera:


Entrei na livraria do Hunter College. O vendedor, um jovem de olhos sensíveis, veio ter comigo.
- Posso ajudar?
- Ando à procura de uma edição especial de Advertisements for Myself. Parece que o autor mandou imprimir uns milhares com rebordos dourados para os amigos.
- Vou ver – disse ele. – Temos uma linha verde para casa do Mailer.
Olhei-o fixamente.
- Foi a Sherry que me mandou- disse eu.
- Ah, nesse caso, passe lá para trás – disse. Carregou num botão. Abriu-se uma parede forrada de livros e eu entrei como um cordeirinho nesse trepidante palácio do prazer conhecido por Flossie’s.
Papel de parede vermelho com uns relevos e um décor vitoriano davam o tom. Raparigas pálidas e nervosas, de óculos de aros pretos e cabelo cortado a direito esparramavam-se indolentes em sofás, folheando livros de bolso da Penguin Classics, provocantes. Uma loura com um grande sorriso piscou-me o olho, indicou, num aceno de cabeça, um quarto no andar de cima e disse: “Wallace Stevens, hã?” Mas não eram só experiências intelectuais – também ofereciam experiências emocionais. Disseram-me que por cinquenta dólares se podia “ter uma relação de intimidade”. Por cem, a rapariga podia emprestar-nos os seus discos de Bartok, jantar e depois deixava-nos a vê-la ter uma crise de angústia. Por cento e cinquenta, podia-se ouvir FM com gémeas. Por três notas, tinha-se o tratamento completo. Uma judia morena e magrinha fingia ir buscar-nos ao Museu de Arte Moderna, deixava-nos ler a tese de mestrado, metia-se connosco numa discussão de gritos no restaurante Elaine’s sobre a concepção freudiana das mulheres, e depois fingia um suicídio à nossa escolha – o serão perfeito, para alguns. Bela negociata. Grande cidade, Nova Iorque.
-Gostas do que vês? – disse uma voz atrás de mim. Virei-me e de repente dei de caras com o cano de um .38. Tenho o estômago forte, mas desta vez deu uma volta e tanto. Era mesmo a Flossie. A voz era igual, mas Flossie era um homem. Tinha a cara escondida por uma máscara.
- Não vais acreditar – disse ele -, mas nem grau académico tenho. Fui expulso por ter más notas.
- É por isso que usas máscara?
- Engendrei um plano complicado para assumir o controlo da New York Review of Books, mas para isso tinha de me fazer passar pelo Lionel Trilling. Fui ao México fazer uma operação. Há um médico em Juarez que dá às pessoas as feições do Trilling – e isso tem um preço. E correu mal. Saí de lá parecido com o Auden com a voz de Mary Mc Carthy. Foi quando comecei a trabalhar à margem da lei.
Muito depressa, antes que ele pudesse premir o gatilho, entrei em acção. Lançando-me para a frente, dei-lhe com o cotovelo na queixada e agarrei na arma, enquanto ele caía para trás. Tombou por terra como um saco de batatas. Ainda estava a choramingar quando a polícia chegou.
- Bom trabalho, Kaiser – disse o sargento Holmes. - Quando despacharmos este tipo, o FBI quer ter uma conversa com ele. Uma coisita que mete uns jogadores profissionais e um exemplar anotado do Inferno de Dante. Levem-no, rapazes.
Mais tarde, nessa noite, procurei uma antiga cliente minha chamada Gloria. Era loira. Tinha-se formado cum laude. A diferença é que se tinha licenciado em educação física. Soube-me bem.


FIM

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

E cá está outro concurso: Prémio Litterarius

Trabalhos originais podem entrar no concurso até 15 de Março.
O Prémio Litterarius é uma iniciativa anual do RACAL Clube que visa incentivar a produção artística de originais e valorizar a Língua Portuguesa. As inscrições para o concurso iniciam-se no próximo dia 15 de Fevereiro e terminam a 15 de Março.
Podem concorrer cidadãos dos países de língua oficial portuguesa, com o máximo de três obras inéditas por concorrente. O tema é livre e os trabalhos podem ser na modalidade de poesia (entre 5 a 10 páginas, com um ou vários poemas), banda desenhada (máximo 4 pranchas) ou conto (máximo 6 páginas).
As obras apresentadas sob pseudónimo devem ser individuais e redigidas em páginas A4, processadas em Word, fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 12, a espaço 1,5.
A entrega dos trabalhos pode ser feita pessoalmente ou por correio.
Em qualquer dos casos, deverá constar no envelope:
Prémio Litterarius, RACAL Clube,
Rua Cândido dos Reis, nº 38, 8300 Silves.
O primeiro prémio é de 500 euros e o trabalho será publicado on-line ou em suporte de papel, reservando-se o júri o direito de atribuir menções honrosas.
A cerimónia solene de entrega de prémios decorrerá no dia 26 de Maio.

Para mais informações, devem os interessados utilizar o telefone 282442587, o fax 282445818, o e-mail premio_litterarius@sapo.pt ou ainda consultar o blogue na Internet http://premiolitterarius-racalclube.blogspot.com/

Capítulo Segundo (e assombroso) de A puta de Mensa de Woody Allen


Foto de Joana Lorça, cortesia de Nilson


Fiz a barba e bebi café forte enquanto consultava a série de resumos do Monarch College. Menos de uma hora depois, batiam à porta. Abri, e à minha frente estava uma jovem ruiva, embalada numas calças à boca de sino, como dois grandes cones de gelado de baunilha.
- Olá, sou a Sherry.
Sabiam mesmo excitar-nos a fantasia. Cabelo comprido liso, carteira de cabedal, brincos de prata, sem maquilhagem.
- Até me espanta que a deixassem entrar vestida dessa maneira – disse eu. - O detective do hotel normalmente nota uma intelectual à légua.
- Uma nota de mil acalma-o logo.
- Começamos? – disse eu, encaminhando-a para o divã. Ela acendeu um cigarro e pôs-se ao assunto.
- Acho que podíamos começar com uma abordagem do Billy Budd como a justificação que Melville dá para os insondáveis desígnios de deus para com o Homem, n’est-ce pas?
- Mas o interessante, no entanto, é que não é no sentido miltoniano. – Eu estava a fazer bluff. A ver se ela caía.
- Não. Paradise Lost não tem a subestrutura do pessimismo. – Caiu.
- Certo, certo. Caramba, tem toda a razão – murmurei.
- Penso que Melville reafirmou as virtudes da inocência num sentido ingénuo e, no entanto, sofisticado – não concorda?
Deixei-a continuar. Nem devia ter dezanove anos, mas já ganhara o calo da facilidade do pseudo-intelectual. Matraqueou as ideias dela, toda ligeirinha, mas era tudo mecânico. Sempre que eu lhe dava uma ideia, ela fingia uma reacção.
- Sim, Kaiser, sim, filho. Essa é profunda. Uma compreensão platónica do cristianismo… como é que não vi isso antes?
Falámos aí uma hora e depois ela disse que tinha de ir. Levantou-se e eu dei-lhe nota vinte.

- Obrigada, querido.
- Podes ter muito mais.
- Que queres dizer?
Tinha-lhe picado a curiosidade. Sentou-se outra vez.
Faz de conta que eu queria… fazer uma festa? – disse.
- Tipo, que tipo de festa?
- Imagina que queria duas raparigas a explicar-me Noam Chomsky.
- Oh, uau!
- Mas se não quiseres…
- Terias de falar com a Flossie – disse ela. – e fica-te caro.
Era altura de apertar a tarracha. Mostrei-lhe o crachá de detective privado e informei-a de que ia dentro.
- Quê?
- Sou da bófia, filha, e discutir Melville por dinheiro é um 802. Vais cumprir pena.
- Miserável!
- É melhor confessares, rica. A menos que queiras contar a tua história no gabinete de Alfred Kazin e acho que ele não ia gostar lá muito de a ouvir.
Pôs-se a chorar.
- Não me entregues, Kaiser – disse.- Precisava do dinheiro para acabar o mestrado. Não mederam a bolsa que pedi. Por duas vezes. Ó, meu Deus!
E lá veio o chorrilho todo – a história completa. Criada em Central Park West, campos de férias socialistas, Brandeis. Ela era todas as miúdas que já se viram na bicha do Elgin ou da Thalia, ou escrevendo a lápis as palavras “sim, mujito verdadeiro” na margem de um livro qualquer sobre Kant. Só que algures a coisa dera para o torto.
- Precisava do dinheiro. Uma amiga minha disse que conhecia um tipo casado cuja mulher não era lá muito profunda, Ele estava numa de Blake. Ela não dava. E eu disse, claro, se ele pagar, eu falo de Blake com ele. No princípio estava nervosa. Fingi uma data de coisas. Ele não se importou. A minha amiga disse que havia outros. Oh, já fui presa antes. Fui apanhada a ler a Commentary num carro estacionado, e doutra vez fui detida e revistada em Tanglewood. Mais uma, e sou três vezes desgraçada.
- Então leva-me à Flossie.
Ela mordeu o lábio:
- A livraria de Hunter College é uma fachada.
- É?
- Como aqueles corredores de apostas que têm fachada de barbearia. Vais ver.
Fiz uma chamada rápida para a sede e depois disse-lhe:
- Tudo bem, filha. Estás safa. Mas deixa-te ficar por estas bandas.
Ela ergueu o rosto para mim, com gratidão.
- Posso arranjar-te fotografias do Dwight MacDonald a ler – disse.
- Fica para a próxima.

Cenas do próximo e último capítulo:

- Kaiser é assediado por Wallace Stevens!
-Afinal, Flossie usa um 38!

Não percam o último capítulo! Sai amanhã! (ou Terça, não sei se amanhã me apetece.)

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

1º Concurso de Conto e Poesia- CGTP-IN





O Departamento de Cultura e Tempos Livres da CGTP-IN promove a realização de um Concurso de Conto e Poesia com o objectivo de traduzir, também deste modo, a sua preocupação de aproximar os trabalhadores das esferas da criação cultural, protagonizada no texto de introdução do evento: “(…) Num tempo de excessiva presença das linguagens técnicas e tecnológicas nos usos quotidianos da escrita e da leitura, o concurso “Conto e Poesia” pretende, de algum modo, valorizar a língua portuguesa e estimular o seu uso com a utilização do código literário.
Este estímulo junto dos trabalhadores facilitará, igualmente, e assim o esperamos, o surgimento de novos valores, dando-lhes oportunidade de edição que, de outro modo, lhes estaria vedada, tendo em conta as regras existentes no mundo livreiro.”(…) Ou, citando Álvaro de Campos num seu poema “Às Vezes”: “(…) Depois de escrever leio…Porque escrevi isto? Onde fui buscar isto? De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu…Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...”
Jornalista e redactor é mensageiro e… sempre “autor”.
É este o apelo que a CGTP-IN faz: leve a mensagem e… participe.
Os escritores Urbano Tavares Rodrigues e Domingos Lobo, o jornalista José Carlos Vasconcelos e os sindicalistas Paulo Sucena e Fernando Gomes (representante da CGTP-IN) constituem o júri de um concurso que tem como data limite de participação 27 de Abril.
Para mais informações sobre o concurso e download das fichas de inscrição, por favor consultem o site da CGTP.

REGULAMENTO DO 1.º CONCURSO DE “Conto e Poesia”


Introdução

Constitui objectivo programático da CGTP-IN criar linhas de trabalho que aproximem os trabalhadores das diferentes esferas da criação cultural.

A organização do Concurso “Conto e Poesia” consubstancia uma forma de corporizar o direito constitucional do acesso à cultura, à sua fruição e criação, e visa promover, estimular e divulgar a criação literária junto dos trabalhadores.

Num tempo de excessiva presença das linguagens técnicas e tecnológicas nos usos quotidianos da escrita e da leitura, o concurso “Conto e Poesia” pretende, de algum modo, valorizar a língua portuguesa e estimular o seu uso com a utilização do código literário.

Este estímulo junto dos trabalhadores facilitará, igualmente, e assim o esperamos, o surgimento de novos valores, dando-lhes oportunidade de edição que, de outro modo, lhes estaria vedada, tendo em conta as regras existentes no mundo livreiro.

Neste contexto, e com estes objectivos, o Departamento de Cultura e Tempos Livres da CGTP-IN promove a realização do 1.º Concurso “Conto e Poesia” que se pautará pelo regulamento seguinte:


1. Tema

A organização do concurso apela à produção de textos que privilegiem os direitos humanos, a cultura, o trabalho, a sociedade, o homem e a mulher trabalhadora.


2. Participantes e identificação

2.1. O concurso destina-se a amantes da escrita criativa e da criação literária, trabalhadores sindicalizados no Movimento Sindical Unitário, trabalhadores em geral, estudantes e aposentados.


2.2. Cada concorrente poderá apresentar um currículo com um máximo de 500 caracteres.


3. Condições de Participação

3.1. Os trabalhos a concurso têm de ser inéditos;

3.2. Os participantes poderão concorrer indistintamente às áreas de conto e de poesia; cada trabalho deverá ser entregue em suporte informático e em papel (6 cópias), nos seguintes termos:

O texto deverá ter até 20 páginas A4, batidas a 1,5 espaços, com tipo de letra Times New Roman, tamanho 12;
Os textos deverão ser entregues em invólucro contendo no interior 2 envelopes. Num deverá constar o texto original em papel com 6 cópias e, no outro, uma disquete contendo o texto em formato Microsoft Word for Windows (.DOC) e a ficha de inscrição;
No invólucro exterior deverá constar a indicação do pseudónimo.

3.3. Nas folhas do trabalho não pode constar qualquer indicação sobre o concorrente, sob pena de este vir a ser excluído;

3.4. Os membros do júri e elementos da organização (Departamento de Cultura e Tempos Livres da CGTP-IN) estão impedidos de concorrer.

3.5. Os trabalhos deverão ser entregues por mão ou enviados por correio para o seguinte endereço:

CGTP-IN / Departamento de Cultura e tempos Livres
1.º Concurso “Conto e Poesia” –
Rua Vítor Cordon, n.º 1 – 2.º
1249-102 LISBOA

3.6. Quaisquer informações poderão ser prestadas pelo tel: 21 323 65 00 (Carla Alves), pelo e-mail carla.alves@cgtp.pt ou através da consulta do site www.cgtp.pt.


4. Calendário

4.1. O prazo de entrega dos trabalhos termina a 27 de Abril de 2007;

4.2. Os resultados do concurso serão divulgados até o dia 15 de Junho de 2007, por carta dirigida a todos os participantes, através da imprensa e dos canais habituais do movimento sindical.


5. Júri

5.1. O júri será constituído por:

· Urbano Tavares Rodrigues
· Domingos Lobo
· José Carlos Vasconcelos
· Paulo Sucena
· Fernando Gomes, representante da CGTP-IN

5.2. As decisões do júri serão tomadas por maioria.

5.3. O júri do concurso reserva-se o direito de não atribuir algum dos prémios.

5.4. Não haverá recurso das decisões do júri.


6. Prémios

6.1. Serão atribuídos os seguintes prémios:

· 1.º Prémio de conto: 750.00€ + 5 Noites para 2 pessoas em regime meia pensão no Centro de Férias do INATEL em Albufeira.
· 1.º Prémio de poesia: 750.00€ + 5 Noites para 2 pessoas em regime de alojamento e pequeno-almoço no INATEL – Estalagem do Piódão.

Nota: O Júri poderá atribuir, se assim o entender, menções honrosas em·qualquer das categorias


7. Direitos

7.1. Os trabalhos premiados no concurso passarão a ser parte patrimonial da CGTP-IN. Esta, no âmbito das suas actividades, poderá fazer uso desse património sempre com a salvaguarda da identificação do seu autor.

7.2. Para todos os efeitos, a organização considera que a partir do momento em que os trabalhos sejam entregues, os concorrentes aceitam os termos deste regulamento.

7.3. Os casos omissos serão resolvidos pela organização, não havendo lugar a recurso das suas decisões.


8. Edição

A organização editará um livro/memória do concurso. Desta edição constarão, obrigatoriamente, os trabalhos premiados. A organização promoverá o seu lançamento público em data a comunicar.



9. Organização

O presente concurso é organizado pela CGTP-IN através do Departamento de Cultura e Tempos Livres.


10. Patrocínios e Apoios

O 1.º Concurso “Conto e Poesia” da CGTP-IN tem os seguintes patrocínios:

· Fundação Montepio Geral
· INATEL
· LiberInter – Cooperativa de Mediação de Seguros, CRL
· Sagres – Companhia de seguros, SA

e conta com os seguintes apoios:

· Junta de Freguesia de Santa Catarina – Lisboa

"O amor é um lugar estranho"




Quadras para Ofélia Queiroz (1920)



Quando passo um dia inteiro

Sem ver o meu amorzinho,

Corre um frio de Janeiro

No Junho do meu carinho.



Meu amor, dá-me dois beijos

P'ra me dares um terceiro,

Que é só para haver um quarto

Antes do quinto e do primeiro.



O meu amor é pequeno,

Pequenino não o acho,

Uma pulga deu-lhe um coice,

Deitou-o da cama abaixo.



Fernando Pessoa


Aproveito o título do filme para reflectir sobre este dia e o sentimento que hoje se celebra: o Amor.


Acho que é uma excelente definição. Há uns que dizem que é fogo que arde sem se ver, outros há que garantem ser um estado nascente, o mais simples e básico dos movimentos colectivos revolucionários. Outros resolvem ir à génese e explicá-lo pelo mito do ser duplo.


Eu cá, gosto da opinião do Campos: " todas as cartas de amor são ridículas" e de Ortega e Gasset que afirma que "o enamoramento é uma imbecilidade temporária, um enfarte psíquico".


São tão mágicos esses cortes com a racionalidade, esse retorno a um estado infantil em corpo de adulto, que dizem que há quem nunca tenha regressado de lá.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Capítulo Primeiro (e inaugural) de A puta de Mensa de Woody Allen

Fotografia de Joana Lorça, cortesia de Nilson


Com este conto de Woody Allen vamos encetar uma nova era neste blog: a era do folhetim. Como a nossa capacidade leitora fica visivelmente mais reduzida neste formato do que em livro, vou publicar alguns contos com a técnica folhetinesca, isto é por capítulos.

Li este conto na fantástica revista de contos Ficções, de Luísa Costa Gomes, era uma edição especial só com contos humorísticos.


"A Puta de Mensa (The Whore of Mensa), originalmente publicado no New Yorker, foi depois incluído no primeiro livro de Woody allen, Without Feathers (1975). Existe tradução portuguesa, Sem penas, Bertrand, 1981. O título do conto brinca com a Sociedade Mensa, fundada em Inglaterra em 1946 por Roland Berril e Lance Ware. Mensa é uma sociedade para muitíssimos inteligentes, sendo único requisito para admissão um quociente de inteligência que se situe nos 2% do topo."


Isto há uma coisa quando se é detective, tem de se aprender a seguir os nossos palpites. É por isso que, quando me entrou pelo escritório um tremebundo monte de banha de nome Word Babcok e pôs as cartas na mesa, eu devia era ter confiado no arrepio que me subia pela espinha.
- Kaiser? – disse ele.- Kaiser Lupowitz?
- É o que diz a minha licença – admiti.
- Tem de me ajudar. Sou vítima de chantagem. Por favor!
Tremia como o cantor de um conjunto de rumba. Empurrei um copo pelo tampo da secretária e uma garrafa de uísque de malte que tenho sempre à mão para fins não medicinais.
- E se te acalmasses e me contasses tudo?
- Você… não diz à minha mulher?
- Sê franco comigo, Word. Não prometo nada. Tentou servir-se de uísque, mas ouvia-se o tilintar do outro lado da rua, e a maior parte do líquido foi parar aos sapatos.
- Eu trabalho - disse. – Manutenção mecânica. Construo e distribuo joy buzzers. Está a ver – aquelas brincadeiras que dão choques às pessoas quando nos apertam a mão.
- E?…
- Há montes de executivos que gostam. Especialmente ali para a Wall Street.
- Vamos ao que interessa.
- Ando muito na estrada. E sabe como é… sinto-me só. Não é o que está a pensar. Percebe, Kaiser, basicamente sou um intelectual. É claro que um gajo pode conhecer todas as bimbas que quiser. Mas uma mulher mesmo cerebral… não se encontra assim do pé para a mão.
- Continua.
- Bem, ouvi falar de uma rapariga. Dezoito anos. Estudante em Yassar. Paga-se um tanto e elea vem discutir um tema qualquer… Proust, Yeats, antropologia. Troca de ideias. Está a ver a ideia?
- Nem por isso.
- Ou seja, a minha mulher é óptima, não me interprete mal. Mas não discute Pound comigo. Ou Eliot. Não sabia isso quando me casei com ela. Preciso de uma mulher que seja estimulante, Kaiser. E estou disposto a pagar por isso. Não quero uma relação… quero uma experiência intelectual rápida, depois quero que a rapariga se vá embora. Que raio, Kaiser, sou casado e sou feliz.
- Há quanto tempo é que isto dura?
- Seis meses. Sempre que sinto desejo, ligo à Flossie. É uma Madame, com mestrado em Literatura Comparada. E ela manda-me uma intelectual, percebe?
Portanto, era um destes tipos cuja fraqueza é mulheres muito inteligentes. Tive pena do pobre coitado. Calculei que devia haver muitos brincalhões na mesma situação, famintos por uma pouca de comunicação intelectual com o sexo oposto, e haviam de pagar fortunas por ela.
- Agora ela ameaçou contar à minha mulher- disse ele.
- Quem?
- A Flossie. Puseram o quarto do motel sob escuta. Têm fitas gravadas em que eu discuto The Waste Land e Styles of Radical Will e, bem, chegando a uma discussão profunda. Querem dez mil, ou vão falar à Carla. Kaiser, tem de me ajudar! A Carla morreria se soubesse que não me excitava cá em cima.
O velho negócio das call-girls. Tinha ouvido uns boatos de que os rapazes na sede andavam atrás duma coisa que metia um grupo de mulheres cultas, mas ficou tudo em águas de bacalhau.
- Liga aí à Flossie.
- Quê?
- Vou pegar no caso, Word. Mas ganho cinquenta dólares por dia, mais despesas. Vais ter de consertar muitos joy buzzers.
- Não me vai custar dez mil, isso de certeza – disse ele. Num sorriso, levantou o auscultador e discou o número. Tirei-lho e pisquei o olho. Começava a gostar dele.
Segundos depois, respondia uma voz sedosa e eu disse-lha o que queria:
- Parece que me pode ajudar a combinar uma hora de boa conversa – disse.
- Claro, querido. Qual era a tua ideia?
- Gostava de discutir Melville.
- Moby Dick ou os romances mais curtos?
- Qual é a diferença?
- O preço. Só isso. O simbolismo é pago à parte.
- Quanto é que isso me custa?
- Cinquenta, talvez cem para o Moby Dick. Queres uma discussão comparativa… Melville e Hawthorne? Podia arranjar-te isso por cem.
- Quanto à massa, tudo bem – disse eu e dei-lhe o número de um quarto no Plaza.
- Queres loira ou morena?
- Faz-me uma surpresa – disse eu e desliguei.


Continua no próximo capítulo...

sábado, fevereiro 10, 2007

Uma semana cheia de livros e contos na Biblioteca de Chaves











Decorreu a segunda semana no âmbito do projecto Viver a Escola, na Biblioteca Municipal de Chaves privilegiando a Promoção do Livro e da Leitura assim como da Oralidade.
Com a iniciativa Laboratório das Letras, os alunos participaram em várias iniciativas: sessões de contos, a performance Hoje choveram histórias e leituras encenadas.
Paralelamente realizaram-se oficinas de escrita criativa utilizando diferentes recursos.

Histórias no Carnaval...e não só.

Um Carnaval
Vem ao baile vem ao baile
pelo braço ou pelo nariz
Vem ao baile vem ao baile
E vais ver como te ris
Deixa a tristeza roer
As unhas de desespero
Deixa a verdadade e o erro
Deixa tudo vem beber
Vem ao baile das palavras
Que se beijam desenlaçam
Palavras que ficam passam
Como a chuva nas vidraças
Vem ao baile oh tens de vir
e perder-te nos espelhos
há outros muitos mais velhos
que ainda sabem sorrir
Vem ao baile da loucura
Vem desfazer-te do corpo
e quando caíres de borco
a tua alma é mais pura
Vem ao baile vem ao baile
pelo chão ou pelo ar
Vem ao baile vem ao baile
E vais ver o que é bailar


Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca




Em Entradas, Castro Verde há verdadeiras celebrações pagãs: é o Entrudanças!





A Pédexumbo organiza 3 dias com diversas actividades: desde oficinas de tango e construção de máscaras de carnaval a torneios de malha, há para todos os gostos.


Vou-vos confessar que estou empolgada com a oficina de cante alentejano, o passeio de tractor e com as histórias do Ti Manel Russo, claro!
Se gostaram da sugestão de movimento, Rodobalhem um bocado, ficam a par de todas as iniciativas.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

domingo, fevereiro 04, 2007

As máquinas de Munari


It doesn't take much to realise that this is a summer machine. If you behave and don't start kicking me in the shins, i'll explain how it works. Ready?
Go!: the sunflower(1) has a magnifying glass (2) tied on the with a shoelace from a pre-war shoe. The fire from the lens scalds Romilda the frog (3) who jumps immediatly into the aluminium colander (4).
The weight of the frog lowers the colander into the bath (5) wich is almost full of water and mint where Romilda can cool down before returning to her place of work. ( excuse me a moment, the phone is ringing).
Now as we were saying, the colander et cetera et cetera drops into the bath and pulls tha cord (7). The cord, passing around the multicoloured pulley (6) raises the bottom of the bottle of eau de vie (8) and pours the contents into the aquarium (9) wich is the home of an old trout.
The trout gets drunk; a flower (10) hinged to the cage (11) is attached to its tail. The old trout waves the flower about all over the place and the two huge butterflies whose wings are the size of fans, will try in vain to land on the flower, producing the desired currents of air.

Notes:

a) The top hat that serves as a plant pot for the sunflower was given to me by Andrew Mac Brambilla of Como. This dear driend is the inventor of the famous automatic wet towel dispensing machines you will undoubtedly have noticed in the foyers of all leading theatre and cinemas. He has made a lot of money from this invention and now lives in an underwater villa and, the last time i saw him, he told me he had his Great Dane re-covered in eel skin.


b) If the apparatus does not function, wave the handkerchief in a westerly direction several times.



Bruno Munari é um nome frequentemente associado ao design. Conheci-o há uns tempos através de um livro de Literatura para Infância.
As Máquinas de Munari podem ser um estímulo interessante para um atelier de escrita.

Esta edição de 1942 foi reeditada pela Corraini em 2001 e podem encontrá-la numa Fnac.
Boa Leitura!

Sites a visitar sobre o autor:

Bruno Munari

au grande cirque de bruno munari