Quadras para Ofélia Queiroz (1920)
Quando passo um dia inteiro
Sem ver o meu amorzinho,
Corre um frio de Janeiro
No Junho do meu carinho.
Meu amor, dá-me dois beijos
P'ra me dares um terceiro,
Que é só para haver um quarto
Antes do quinto e do primeiro.
O meu amor é pequeno,
Pequenino não o acho,
Uma pulga deu-lhe um coice,
Deitou-o da cama abaixo.
Fernando Pessoa
Aproveito o título do filme para reflectir sobre este dia e o sentimento que hoje se celebra: o Amor.
Acho que é uma excelente definição. Há uns que dizem que é fogo que arde sem se ver, outros há que garantem ser um estado nascente, o mais simples e básico dos movimentos colectivos revolucionários. Outros resolvem ir à génese e explicá-lo pelo mito do ser duplo.
Eu cá, gosto da opinião do Campos: " todas as cartas de amor são ridículas" e de Ortega e Gasset que afirma que "o enamoramento é uma imbecilidade temporária, um enfarte psíquico".
São tão mágicos esses cortes com a racionalidade, esse retorno a um estado infantil em corpo de adulto, que dizem que há quem nunca tenha regressado de lá.
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