quarta-feira, fevereiro 14, 2007

"O amor é um lugar estranho"




Quadras para Ofélia Queiroz (1920)



Quando passo um dia inteiro

Sem ver o meu amorzinho,

Corre um frio de Janeiro

No Junho do meu carinho.



Meu amor, dá-me dois beijos

P'ra me dares um terceiro,

Que é só para haver um quarto

Antes do quinto e do primeiro.



O meu amor é pequeno,

Pequenino não o acho,

Uma pulga deu-lhe um coice,

Deitou-o da cama abaixo.



Fernando Pessoa


Aproveito o título do filme para reflectir sobre este dia e o sentimento que hoje se celebra: o Amor.


Acho que é uma excelente definição. Há uns que dizem que é fogo que arde sem se ver, outros há que garantem ser um estado nascente, o mais simples e básico dos movimentos colectivos revolucionários. Outros resolvem ir à génese e explicá-lo pelo mito do ser duplo.


Eu cá, gosto da opinião do Campos: " todas as cartas de amor são ridículas" e de Ortega e Gasset que afirma que "o enamoramento é uma imbecilidade temporária, um enfarte psíquico".


São tão mágicos esses cortes com a racionalidade, esse retorno a um estado infantil em corpo de adulto, que dizem que há quem nunca tenha regressado de lá.

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