domingo, março 19, 2006

Vivam as ampulhetas, relógios de sol, pêndulo e até clepsidras!


Foto de: Miguel Vieira
http://www.olhares.com/



Nunca uso relógios. Pesam-me nos braços, marcam-me a pele, não a deixam respirar e contrariam os movimentos botânicos.
Então nunca uso relógios.
Agora sei que eles não servem para nada, nem sequer para medir o Tempo. Funcionam como diapasão de miudezas. Quando quero saber quanto Tempo passou da minha vida olho para as caras das pessoas que me rodeiam, apalpo a ausência daqueles que já não estão.
Sei exactamente quantos risos, abraços, beijos, soluços, lágrimas passaram desde esses momentos até hoje.
E foi assim que descobri um segredo: O Tempo varia como o tempo; tem estações e tudo!
Às vezes ele flui tão rápido que nem damos conta, evola-se; outras hesita em passar, faz-nos esperar. Descubro nesta forma de viver, uma teoria revolucionária: se queremos que a vida passe ligeira, breve, é só vivê-la feliz. É uma estação amena de sol brilhante.
Agora... teremos a eternidade na tristeza, e o Tempo será abundante nessa estação de monções... para decobrir o Amor, o Desgosto e até a nova Teoria da Relatividade.
Sabem, depois de escrever isto, começo a simpatizar com relógios.
Ajudam-nos a brincar aos deuses e a fazer de conta que traçamos o nosso destino.

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